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O cenário eleitoral para 2026

Vamos promover uma primeira projeção de cenário eleitoral para 2026 em Itajaí tendo como referência os resultados colhidos nas urnas nas eleições de 2022.

Tendência à direita

O cenário de 2026 deve manter uma tendência forte do eleitorado em escolher candidatos vinculados ideologicamente à direita e extrema-direita. A relação de votos entre direita e esquerda deve se manter próximo dos números da última eleição na proporção de 7 x 3. Contudo, o eleitorado parece estar migrando da extrema para o centro, beneficiando candidatos menos radicais de direita. 

Os radicais de direita deverão manter a fidelidade de 30% do eleitorado, enquanto a esquerda clássica, notadamente PT e PDT, deve manter a fidelidade de até 25% do eleitorado. Isso representa que 45% do eleitorado poderá oscilar entre candidatos moderados da direita e esquerda, dependendo dos acontecimentos políticos no decorrer deste período que vai até outubro de 2026.

Declínio do bolsonarismo

O recente sucesso internacional do presidente Lula, notadamente na negociação com os EUA sobre tarifas, e a prisão de Jair Bolsonaro e sua inelegibilidade, tornam o cenário de 2026 pouco favorável ao bolsonarismo em nível nacional. Contudo, Santa Catarina permanece como uma bolha resiliente. Não há a menor chance, nas circunstâncias apresentadas neste momento, de Santa Catarina eleger um governador e dois senadores da esquerda. As vagas serão disputadas por candidatos de direita. Os principais aspectos dessa derrocada do bolsonarismo raiz são:

1 – perda da bandeira nacional como símbolo exclusivo da direita – significando patriotismo e nacionalismo;

2 – prisão e inelegibilidade de Jair Bolsonaro;

3 – racha no bolsonarismo pela vaga de candidato a presidente da República e, em Santa Catarina, pelas duas vagas ao Senado;

4 – queda acentuada da imagem de Israel e do discurso evangélico em sua defesa;

5 – fracasso da missão Eduardo Bolsonaro nos EUA;

6 – aproximação do Governo Trump com o Governo Lula por questões geopolíticas com a China;

7 – bom desempenho da economia brasileira;

8 – consequências negativas na economia catarinense com o “tarifaço” dos EUA que contou com o apoio do bolsonarismo mais radical;

9 – excesso de candidatos na direita;

10 – fracasso definitivo da ideia de Golpe de Estado com o auxílio das Forças Armadas.

11 – cansaço da militância por permanecer na rua desde a última campanha eleitoral. O movimento da direita continua mobilizado.

12 – imposição da candidatura do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, a senador por Santa Catarina, tirando a possibilidade da reeleição de Esperidião Amin.

Eleição para governador

O cenário atual é extremamente favorável à reeleição do governador Jorginho Mello. Na eleição de 2022 ele conseguiu 73,89 % dos votos dos itajaienses, contra apenas 26, 11% do seu oponente, Décio Lima. Essa tendência de 7 x 3 pode sofrer uma alteração para 6 x 4, devido ao visível declínio do bolsonarismo junto ao eleitorado menos radical. Mesmo assim, é uma vantagem bastante promissora para a direita, com desdobramentos diretos, inclusive, nas demais eleições: senador, deputados estadual e federal.

Eleição para senador

Nas eleições de 2026 os eleitores de Itajaí terão direito de votar em dois candidatos ao Senado da República. Os candidatos em maior destaque até agora no cenário local são Esperidião Amin, Carlos Bolsonaro, Carol de Toni, Décio Lima e João Rodrigues. Contudo, tudo indica que Décio e João Rodrigues, por compromissos partidários, terão de enfrentar a eleição de governador, deixando as duas vagas para Amin, Carlos Bolsonaro e Carol de Toni.

Eleição para deputado federal

Na eleição de 2022 o eleitorado de Itajaí gastou quase 30% dos votos com brancos, nulos e abstenção. De um total de 174 mil votos do colégio eleitoral itajaiense, apenas 60 mil votos foram depositados em candidatos locais, com Márcio Dedé (20.600 votos), Marcelo Werner (17.339 votos) e Jorge Goetten (10.349 votos) como mais votados. Em seguida, entre os mais votados, três candidatas de fora: Carol de Toni (6.735 votos), Ana Paula Lima (6.641 votos) e Júlia Zanatta (2.988 votos). 

Como podemos observar, mantida essa tendência de pulverização extremada dos votos, dificilmente Itajaí poderá eleger um deputado federal com base prioritária em Itajaí. Jorge Goetten, Carol de Toni, Ana Paula Lima e Julia Zanatta, se elegeram justamente por contarem com presença eleitoral forte em outros colégios eleitorais fora da Região da Grande Itajaí. Isso dificulta sobremaneira a eleição do vice-prefeito Rubens Angioletti. Contudo, Rubens já mostrou ser o “santo milagreiro das causas impossíveis”. Nas eleições para vereador foi o mais votado do seu partido desbancando a vice-prefeita Dalva Rhenius e o presidente da Câmara Luiz Carlos Pissetti, algo impensável à época. A tendência é que Rubens seja o mais votado em Itajaí, seguido por Ana Paula Lima e Jorge Goetten

Ainda assim, Rubens dificilmente vai conseguir superar os candidatos do seu partido de outras regiões, como Florianópolis, Oeste, Blumenau, Criciúma e Joinville. A parceria com a deputada estadual Ana Campagnolo, portanto, é vital para as pretensões eleitorais dele. Mantida a parceria em todo o Estado de Santa Catarina as chances de Rubens se eleger são grandes. Se Ana não conseguir infiltrar Rubens nos demais municípios fora da Região da Grande Itajaí a eleição fica completamente comprometida.

Eleição para deputado estadual

O cenário ficou menos complicado por conta das ausências dos ex-prefeitos Jandir Bellini e Volnei José Morastoni. Na eleição de 2022 os candidatos mais votados para deputado estadual em Itajaí foram: Osmar Teixeira (20.213 votos), Ana Campagnolo (15.272 votos), Anna Carolina Martins (14.092 votos), Thiago Morastoni (12.631 votos). 27,99 % dos votos foram dispersados com votos brancos, nulos e abstenção. Destes candidatos bem votados em 2022 três continuam em cena: Osmar Teixeira, Ana Campagnolo e Anna Carolina Martins

O candidato Thiago Morastoni (MDB) cede protagonismo para João Paulo Tavares Bastos (PT). A situação dos candidatos de Itajaí é praticamente a mesma da eleição para deputado federal. A tendência à pulverização dos votos entre quatro candidatos, a boa colheita de votos por candidatos paraquedistas, além dos quase 30% de inutilizados (brancos, nulos e abstenções), dificultam sobremaneira a eleição de candidato local. Ana Campagnolo, contudo, conta com votos em cerca de 100 municípios, tornando sua candidatura estadualizada. 

A ausência de Volnei e Thiago Morastoni, Jandir Bellini e Carlos Chiodini, torna o cenário um pouco mais simplificado. A dificuldade maior será de Anna Carolina Martins, porque parece não ter emplacado até aqui uma marca pessoal como gestora pública, não obstante estar à frente de uma pasta com alta visibilidade. João Paulo tem a vantagem de poder concorrer sozinho no espectro da esquerda, podendo abocanhar cerca de 30% dos votos dos eleitores tendentes a votar no candidato do presidente Lula. Sua dificuldade aumenta se a vereadora Hilda Deola apresentar sua candidatura pelo PDT. Hilda tem boa penetração junto à esquerda moderada.

Característica do colégio eleitoral

O Colégio Eleitoral de Itajaí foi composto no ano de 2022 por 174 mil eleitores. Há uma previsão deste colégio crescer cerca de 20% até a eleição de 2026, o que nos apresenta um cenário com algo em torno de 210 mil eleitores. Mas, há a previsão de algo próximo de 30% dos votos serem perdidos com votos em branco, nulos e abstenções. Também, há um visível crescimento do eleitorado por migração, o que torna o eleitorado maior, mas cada vez menos identificado com os candidatos locais, facilitando a vida dos paraquedistas. Os migrantes podem, facilmente, ser transformados em cabos eleitorais desses paraquedistas, tirando ainda mais votos dos candidatos locais.

Nova geração

Outro ponto fundamental diz respeito ao fato de que Itajaí está passando por período de transição, com o movimento natural de substituição de gerações. Por décadas os protagonistas das eleições no município foram Volnei José Morastoni e Jandir Bellini. Com a aposentadoria dessas lideranças ocorreu forçadamente a necessidade do surgimento de novas lideranças. Mas, o processo ocorreu de forma dessincronizada, o que não ocorreu quando do ocaso do MDB com a saída da disputa de lideranças como Arnaldo Schmitt Júnior, João Omar Macagnan, Noemi dos Santos Cruz e Anita Pires. Agora, Itajaí terá de esperar as novas lideranças amadurecerem junto ao eleitorado, começando pelos moderados Robison Coelho e João Paulo Tavares Bastos. Estamos em um período de transição e as eleições de 2026 e 2028 devem consolidar o processo.

Magru Floriano – especialista em Marketing pela Univali.
Thiago Floriano – jornalista

Imagem gerada por IA.

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